O principal conselho de Guilherme Benchimol para empreendedores que sonham em construir um negócio de sucesso pode soar contraintuitivo: pratique o desapego. O fundador da XP Inc., uma das maiores instituições financeiras do Brasil, defende que a capacidade de um líder se desprender de ideias, controles e até mesmo do próprio cargo é o que define se uma empresa vai apenas sobreviver ou se transformar em um verdadeiro império. Essa filosofia é complementada por outro de seus mantras, “o que trouxe uma empresa até certo ponto não é o que a levará adiante”. Portanto, para Benchimol, o crescimento exponencial não está em se apegar ao que deu certo, mas sim em ter a coragem de evoluir constantemente. Este guia vai a fundo nesses conceitos, desvendando a mentalidade que transformou a XP em um gigante.
A “lição de desapego”: o principal conselho de Guilherme Benchimol
Primeiramente, quando Benchimol fala em “desapego”, ele não se refere a uma falta de paixão pelo negócio. Pelo contrário, trata-se de um amor tão grande pela empresa que o fundador entende que, em muitos momentos, ele mesmo pode ser o principal gargalo para o crescimento dela. Esse conceito se divide em três áreas cruciais.
1. Desapego da Ideia Original
Muitos empreendedores se apaixonam de tal forma por sua ideia inicial que se recusam a adaptá-la, mesmo quando o mercado dá sinais claros de que o caminho é outro. O conselho de Guilherme Benchimol, nesse sentido, é ser pragmático. O empreendedor precisa estar disposto a “matar” um produto ou serviço que não está funcionando para dar lugar a uma nova aposta mais promissora. A XP, por exemplo, não nasceu como é hoje; ela se adaptou, pivotou e evoluiu conforme as necessidades dos clientes e as oportunidades do mercado.
2. Desapego do Controle (A Arte de Delegar)
A segunda forma de desapego é, talvez, a mais difícil para qualquer fundador: o controle. No início, o empreendedor faz de tudo um pouco. Contudo, para a empresa escalar, é impossível continuar centralizando todas as decisões. Benchimol defende que a missão do líder é contratar pessoas melhores do que ele em cada área específica. Em seguida, o desafio é dar autonomia e confiar nessas pessoas para que elas executem suas funções com maestria. Tentar microgerenciar uma equipe talentosa não apenas desmotiva o time, mas também impede que a empresa cresça na velocidade necessária.
3. Desapego do Cargo (A Sucessão)
Este é o nível máximo do desapego e o que diferencia os grandes líderes. O próprio Guilherme Benchimol é o maior exemplo disso, ao ter deixado o cargo de CEO da XP para assumir uma posição no conselho. Ele entendeu que as habilidades que o tornaram um excelente fundador e empreendedor na fase inicial não eram necessariamente as mesmas que a empresa precisava para sua nova fase como uma corporação de capital aberto. Reconhecer que outra pessoa pode ser mais capacitada para levar a empresa adiante em um determinado momento é um ato de grandeza e de foco no legado, não no ego.
“O que te trouxe até aqui não te levará adiante”: a filosofia da evolução
Este segundo mantra complementa perfeitamente a lição de desapego. Ele significa que o sucesso passado não garante o sucesso futuro. Para crescer, tudo na empresa precisa evoluir: as pessoas, os processos e a cultura.
A Evolução da Equipe e das Habilidades
A equipe que ajuda a tirar uma empresa do zero, muitas vezes formada por pessoas de confiança e com um perfil generalista, pode não ser a mesma que a levará a um faturamento de bilhões. O crescimento exige especialistas, executivos com experiência em grandes mercados e uma estrutura de governança mais robusta. O conselho de Guilherme Benchimol é que o líder precisa ter a coragem de tomar decisões difíceis, promovendo as pessoas certas e, quando necessário, buscando novos talentos no mercado que tragam as competências que a empresa ainda não possui. Da mesma forma, o próprio líder precisa evoluir, deixando de ser um “faz-tudo” para se tornar um estrategista.
A Evolução da Cultura Organizacional
Uma startup geralmente possui uma cultura informal, ágil e, por vezes, caótica. Isso é ótimo para a fase inicial. Contudo, à medida que a empresa cresce, é preciso implementar processos, métricas e uma estrutura mais organizada para garantir a eficiência e a sustentabilidade. O grande desafio, segundo a filosofia de Benchimol, é fazer essa transição sem perder a essência inovadora e o “brilho nos olhos” que caracterizaram o início. É encontrar o equilíbrio entre a agilidade da startup e a governança da grande corporação.
Como aplicar o conselho de Guilherme Benchimol na prática
Para traduzir essa filosofia em ações, o empreendedor pode seguir alguns passos:
- Seja um aprendiz eterno: Leia muito, estude outros mercados e esteja sempre aberto a novas ideias que possam desafiar suas crenças atuais.
- Contrate por potencial, não por histórico: Busque pessoas que possam crescer com a empresa e que não tenham medo de questionar o status quo.
- Crie um plano de sucessão: Mesmo que sua empresa seja pequena, comece a pensar em quem poderia assumir suas responsabilidades no futuro. Isso te força a desenvolver novas lideranças.
- Tenha mentores: Converse com empreendedores que já passaram pela fase em que você está. O conselho de Guilherme Benchimol, em suma, é um eco de lições que muitos outros grandes líderes também aprenderam.
Em resumo, a mensagem do fundador da XP é clara: o maior ativo de um empreendedor não é sua ideia inicial, mas sim sua capacidade de se adaptar, evoluir e, principalmente, de se desapegar para permitir que sua criação se torne maior do que ele mesmo.

Nathan é redator e colaborador do FonteDiaria.com, com foco em trazer conteúdo atual, relevante e fácil de entender. Curioso por natureza, está sempre ligado nas tendências e nos bastidores das notícias, buscando transformar informação em leitura que realmente agrega. Fora da rotina de pautas, é fã de boas conversas e café forte.